LEMBRE-SE DE JESUS
LEMBRE-SE DE JESUS
“Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos segundo o meu evangelho.” - II Timóteo 2:8.
A exortação para lembrar-se de Jesus Cristo parece estranha e desnecessária. Como poderia um pregador dedicado, como Timóteo, esquecê-Lo?
O povo de Israel, que recebeu de Deus as mais tangíveis evidências do Seu amor, esqueceu-O melancolicamente. A nação viu com assombro a maneira poderosa como o Senhor dividiu o Mar Vermelho. Testemunhou diariamente a miraculosa provisão do maná. Contemplou, surpreendida, a água fresca fluindo da rocha, após o toque de Moisés. Longa seria a lista das poderosas operações de Deus em favor do Seu povo. E, não obstante, esquecendo-se de Deus, Israel curvou-se em adoração diante de impotentes deuses do paganismo. Quão débil é o poder da memória!
A fé que levou Davi a vencer, com o auxílio de Deus, o gigante Golias, se havia alimentado com a lembrança de como Deus o havia ajudado a vencer o leão e o urso. Alguns crentes têm memória muito curta. Alguém disse com muito acerto que escrevemos os benefícios do Senhor na areia, mas gravamos as injúrias no mármore; e as nossas aflições em bronze.
Foi para impedir que esquecêssemos de Cristo e Sua morte na cruz, que o ritual da Santa Ceia foi instituído. “Fazei isto em memória de Mim”, disse o Senhor. Mas mesmo com esta provisão incorporada ao programa eclesiástico, a igreja amiúde se esquece de Jesus, absorvida com coisas que não são essenciais.
S. D. Gordon contava a história de uma devota cristã que sabia de memória extensas porções das Escrituras e que, no crepúsculo de sua vida, se alegrava repetindo em sua poltrona os versículos preferidos. Pouco a pouco sua memória começou a falhar, até que por fim não conseguia recordar nada além da última parte do versículo: “... eu sei em Quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito...” A marcha irreversível do tempo fê-la esquecer-se de mais uma parte do texto. E finalmente, quase num sussurro, repetia apenas: “Ele é poderoso...”.
Nos momentos finais de sua vida, já na agonia da morte, seus queridos observaram que ela se esforçava por falar. Aproximaram-se, e ouviram suas últimas palavras: “Ele, Ele, Ele.” Havia esquecido todas as porções da Bíblia que memorizara, exceto uma palavra. No pronome “Ele”, ela encontrou a síntese da Bíblia e da sua fé.
Enoch de Oliveira